As florestas das cidades brasileiras correm perigo. Mais de mil árvores foram derrubadas pelas chuvas e ventos desde a virada do ano só em São Paulo. Mas essa perda não se deve apenas às mudanças climáticas. A falta de conhecimento da população e de cuidados mais constantes da Prefeitura com as árvores de nossas ruas têm boa parte da culpa por esse desastre.
Segundo Demóstenes Ferreira da Silva Filho, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, a Prefeitura falha ao não investir no diagnóstico, cadastro e avaliação das árvores. “É preciso um sistema de informação geográfica para as árvores, além de equipes para avaliar cada uma “. E a tarefa não é pequena: a Prefeitura estima que existem mais de 600 mil árvores nas ruas da cidade de São Paulo.
Em entrevista ao portal UOL, o engenheiro agrônomo Joaquim Cavalcanti, da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, afirmou que, mesmo de dentro de um carro em movimento, fiscais da Prefeitura poderiam fazer uma avaliação dos casos mais críticos. “Quando se percebe problema numa árvore, aí entra uma avaliação mais técnica, com equipamentos de última geração “, afirma.
Cavalcanti afirma que com um pouco mais de conhecimento sobre as árvores, os moradores da cidade poderiam ajudar muito na sua preservação. “Existem defeitos clássicos, fáceis para a comunidade identificar visualmente”, diz. Para ele programas de formação de monitores voluntários ajudariam a prefeitura a cuidar das árvores. “Entidades de bairro e ativistas podem ter um papel importante. Não pode deixar só para o governo. Precisamos fazer as árvores serem mais conhecidas, falar de seus benefícios. A árvore ficou malvista, mas é uma benfeitora. Precisamos de sua sombra, do microclima e da umidade que a árvore proporciona”, diz Cavalcanti.