Em meio as densas florestas alemãs, Peter Wohlleben, um guarda florestal do vilarejo de Hümmel, descobriu uma nova abordagem para explicar o comportamento das árvores e suas interações. Ao olhar um par de árvores altas e constatar que seus galhos mais espessos desviam um do outro, é fácil identificar que este é um modo que essas plantas encontram para se ajudar e não ter a luz do sol bloqueada. Muitas vezes, essas árvores estão tão conectadas desde suas raízes, que quando uma vizinha morre, a outra imediatamente morre também.
Ao espaçar artificialmente as árvores, as florestas alemãs garantem mais luz solar e crescem mais rápido, porém a rede entre essas árvores é tão grande que naturalistas acreditam que ao criar muitos espaços entre elas, essas plantas acabam desconectadas, perdendo todo o mecanismo de resistência.
Wohlleben sempre amou estar entre as árvores, desde sua infância. E foi na adolescência, depois de ouvir professores pintarem uma imagem calamitosa do futuro ecológico do planeta, que Peter resolveu que ajudar seria sua missão de vida.
Agora sensação na Alemanha por causa de seu livro “The Hidden Life of Trees: What They Feel, How They Communicate — Discoveries From a Secret World”, o guarda florestal descobriu que as árvores funcionam muito mais como seres comunitários do que seres individuais na natureza. Ao partilhar recursos e trabalhar em redes, elas aumentam a própria resistência, protegem suas vizinhas e alertam sobre perigos através de sinais elétricos.
Além de apresentar um pesquisa científica e antropológica complexa, o trunfo da obra – traduzida para 19 idiomas e best-seller com 320 mil cópias vendidas, está na linguagem humana que Wohlleben adota, ao embarcar o leitor numa viagem pela sensação das árvores.
“Eu uso uma linguagem muito humana. Linguagem científica remove toda a emoção, e as pessoas não entendem mais. Quando digo, ‘árvores amamentam suas crianças’, todos sabem imediatamento o que eu quero dizer.”
Com o sucesso do livro, as florestas alemãs estão de volta ao imaginário popular, e não como simples seres orgânicos robóticos que produzem oxigênio e fornecem madeira, mas como seres sociais interligados por redes extremamente importantes para a manutenção de complexos biomas terrestres.